O seguidor da Doutrina é alguém que caminha sobre o mundo, mais consciente de seus erros que de seus acertos. Por este motivo - pela impossibilidade de conformar os interesses do homem velho com os anseios do homem novo, ele quase sempre deduz que professar a fé espírita não é tarefa fácil.
Toda mudança de hábito, principalmente daquele que lhe esteja mais arraigado, impõe à criatura encarnada sacrifícios inomináveis.
O rompimento com o "eu" é um parto laborioso, em que, não raro, sem experimentar inúmeras recaídas, o espírito não vem à luz...
O importante é que não vos deixeis desalentar. Recordai que, para o trabalho inicial do Evangelho, Jesus requisitou o concurso de doze homens e não de doze anjos.
Talvez o problema maior para os companheiros de ideal, que se permitem desanimar, ante as fragilidades morais que evidenciam, seja o fato de suporem ser o que ainda não são.
Sem dúvida, os que vivem ignorando as próprias necessidades, aparentemente vivem em maior serenidade de quantos delas já tomaram consciência; não olvideis, contudo, que a aparição do melhor é intrínseca à sua natureza - o homem há de querer ser mais...
Na condição, pois, de esclarecidos seguidores da Doutrina Espírita, nunca espereis vos acomodar, desfrutando da paz ilusória dos que não se aprofundam no conhecimento da Verdade que liberta.
Onde estiverdes, estareis sempre inquietos pelo amanhã.
A aflição que Jesus bem-aventurou, é aquela que experimenta que se põe a caminho e não descansa antes de concluir a jornada.
Filhos, apesar dos percalços externos e de vossos conflitos íntimos, aceitai no Espiritismo a vossa melhor chance de redenção espiritual, e isto desde o começo de vossas experiências reencarnatórias. Valorizai o ensejo bendito e não culpeis a Doutrina pelas vossas mazelas."
Bezerra de Menezes