Está se tornando comum o palavrão. A pouco e pouco, palavras de baixo calão vão sendo incorporadas ao vocabulário. Passam a ser utilizadas, habitualmente.
Lá se foram os anos em que o palavrão era utilizado pelas pessoas ditas de má educação. Hoje, atingiu status. Políticos se permitem utilizá-lo para defesa das suas ideias ou para a própria defesa.
O teatro foi inundado por artistas que fazem dos palavrões meios de comunicação. Tudo em nome de uma pretensa arte.
A televisão exibe cenas de violência e sexo, manipulando gestos e palavrões. As empresas públicas, que exploram a telefonia, permitem que, com o simples discar de um número, se ouçam piadas maliciosas e se aprendam mais alguns palavrões.
Atores e atrizes não se limitam a dizer piadas fortes. Vão além. Fazem também gestos agressivos. E o pior: o público aplaude. Como se ouvissem frases de efeito que encerrassem uma filosofia ou um ensinamento.
Pais ensinam aos filhos os palavrões. E as ocasiões para os utilizar. Para ofender os brios de alguém. Para irritar simplesmente. Ou só para desabafar.
Observamos como a linguagem vai se tornando grosseira, grotesca.
Em O livro dos Espíritos aprendemos que se reconhecem os Espíritos pela linguagem. Entre os Espíritos, como entre os homens, a linguagem é sempre um indicativo de qualidade moral e intelectual.
Ao abordar a questão da palavra, Jesus foi enérgico: Aquele que disser a seu irmão: “Raca, merecerá condenado pelo conselho. Aquele que lhe disser: és louco, merecerá condenado ao fogo do inferno.”
Raca, entre os hebreus, era um termo desdenhoso. Significava homem que nada vale. Era pronunciado cuspindo e virando-se para o lado a cabeça.
Ao afirmar que mereceria o fogo do inferno, o que significa intenso sofrimento, Jesus vai bem longe. Como pode uma simples palavra, louco, se revestir de tanta gravidade que mereça tão severa reprovação?
É que toda palavra exprime um sentimento e vai carregada de vibração correspondente. Desse modo, toda palavra ofensiva exprime um sentimento contrário à lei do amor e da caridade. Constitui um golpe desferido na fraternidade.
Quando vemos nossa infância e juventude absorvendo tão rapidamente os palavrões, esquecendo as verdadeiras denominações dos objetos, lamentamos.
Alguns defendem o retorno aos antigos métodos repressores. Da pimenta na boca, palmada nos lábios à censura ostensiva em todos os veículos de comunicação.
A repressão, a agressão não resolvem o problema. Existem sempre os que afirmam que a lei existe para ser violada.
O problema é, pois, de educação. Educação do pensamento para uso da palavra devida.
A boca fala do que está cheio o coração. A boca expressa os sentimentos. A ideia é uma força criadora e nossas palavras aderem a ela elaborando formas e coisas.
De maneira simbólica, podemos comparar a palavra ao ferro gusa. Após escorrer do forno da nossa mente se solidifica nos trilhos, bons ou maus, sobre os quais o comboio da nossa existência seguirá.
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Habituemo-nos a falar o bem. Não incorporemos ao próprio vocabulário expressões de cunho malicioso ou grotesco.
Vigiemos o pensamento. Habituemo-nos à boa leitura.
Alimentemos a mente e o coração com o que é belo e bom.
A palavra tem vida. Vitalizemos o bem.
Redação do Momento Espírita, com base no item 102, de O livro dos
Espíritos e nos itens 3 e 4 do cap.IX, de O Evangelho segundo o
Espiritismo, ambos de Allan Kardec, ed. FEB; no item 124,
de O Consolador, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de
Francisco Cândido Xavier, ed. FEB e no cap. 24, do livro Bênção
de paz, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier