Momento Espírita: "A sabedoria de Jesus"


Era a noite de quinta-feira. Logo mais, Jesus seria preso, julgado às pressas, supliciado e condenado à morte. O que faz Ele, nessas catorze - dezoito horas antes de morrer? Ele se reúne com os Apóstolos e ceia com eles.
Com certeza, terá feito inúmeras refeições com eles, ao longo dos Seus três anos de messianato.

No entanto, essa é diferente. Ele sabe que vai morrer. É extraordinário observar o comportamento dEle. Ninguém conseguiria manter seu apetite intacto sabendo que dentro de algumas horas iria sofrer intensamente e morrer.
Possivelmente, o comum dos homens entraria em choro e desespero. Quando se está na proximidade de sofrer um grande trauma, o tempo não passa, cada minuto é uma eternidade.
Todavia, Jesus Se reuniu com Seus discípulos para tomar a Sua última refeição. O chão ruía aos Seus pés, mas Ele permanecia inabalável.
Comeu o pão, o cordeiro pascal. Seus inimigos O conduziriam por longas sessões de torturas, mas a impressão que se tem é que Ele não tinha inimigos.
De fato, para Ele não havia inimigos. Ele só sabia fazer amigos, não Se deixava perturbar pelas provocações que Lhe faziam. Não Se deixava abater pelas ofensas e agressividades que O rodeavam.
Era seguro e livre no território da emoção. O mundo à Sua volta podia conspirar contra Ele. Ainda assim, Ele transitava como se nada estivesse acontecendo.
Por isso, Se alimentou na noite anterior à Sua morte, não Se deixando abater antes da hora.
O Carpinteiro de Nazaré teria motivos para ficar abatido. Seu corpo seria sulcado com açoites e pregado num madeiro. Todavia, Sua emoção se embriaga de uma serenidade arrebatadora.
Não Se deixa perturbar e discursa sobre Sua missão e sobre o modo como seria cortado da Terra dos viventes.
Ele fala de forma espontânea sobre a morte. Estava absolutamente certo de que a venceria. Para Ele, a morte não significava o nada, a perda irrecuperável da consciência, mas abriria as portas da eternidade.
E assim, mais do que comer e realizar Seu longo discurso de despedida, consolando os amigos por Sua ausência física, Ele canta com eles.
A canção era alegre, e conhecida de todos. Um hino, diz o Evangelista Mateus.
O Mestre de Nazaré era um excelente gerente da Sua inteligência. Ele administrava com extrema habilidade Seus pensamentos e emoções.
Não sofria por antecipação, embora tivesse todos os motivos para pensar no drama que, em algumas horas, se iniciaria no Jardim das Oliveiras.
Jesus era tranquilo e sereno. Sua emoção era tão rica que Ele teve a coragem de dizer que Ele mesmo era uma fonte de prazer, de água viva, para matar a sede da alma.
A sabedoria e a poesia habitavam intensamente na alma de Jesus e com elas inaugurou uma nova forma de viver e de se relacionar.
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Jesus é apontado pelos Mensageiros Celestes, na obra O Livro dos Espíritos, como nosso Modelo e Guia.
Do nascimento à morte Ele passou pelas mais amargas situações de sofrimentos. Entretanto, irradiava alegria e tranquilidade.
Sem violência, causou a maior revolução da História. As sementes que plantou germinaram na mente, no coração e no espírito dos homens e incendiaram o mundo.
A Sua é a mensagem da esperança que, ao observar a queda da última folha do inverno, consegue visualizar as flores da primavera.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 4, do livro

O Mestre da sensibilidade, de Augusto Cury, 
da Academia de Inteligência.
Em 27.10.2014.