"Mas em breve irei ter convosco, se o Senhor
quiser, e então conhecerei, não as palavras dos que andam inchados, mas a
virtude." - Paulo. (I CORÍNTIOS, 4:19.)
Cristo e os seus cooperadores não virão ao encontro dos aprendizes para conhecerem
as palavras dos que vivem na falsa concepção do destino, mas sim dos que se
identificaram com o espírito imperecível da construção evangélica.
É indubitável que o Senhor se interessará pelas obras; contudo, toda vez
que nos reportamos a obras, geralmente os ouvintes somente se lembram das
instituições materiais, visíveis no mundo, ricas ou singelas, simples ou
suntuosas. Muita vez, as criaturas menos favorecidas de faculdades orgânicas,
qual o cego ou o aleijado, acreditam-se aniquiladas ou inúteis, ante
conceituação dessa natureza.
É que, comumente, se esquece o homem das obras de santificação que lhe compete
efetuar no próprio espírito. Raros entendem que é necessário manobrar pesados instrumentos
da vontade a fim de conquistar terreno ao egoísmo; usar enxada de esforço
pessoal para o estabelecimento definitivo da harmonia no coração. Poucos se
recordam de que possuem idéias frágeis e pequeninas acerca do bem e que é
imprescindível manter recursos íntimos de proteção a esses germens para que
frutifiquem mais tarde.
É lógico que as palavras dos que não vivem inchados de personalismo serão
objeto das atenções do Mestre, em todos os tempos, mesmo porque o verbo é
também força sagrada que esclarece e edifica. Urge, todavia, fugir aos abusos
do palavrório improdutivo que menospreza o tempo na "vaidade das
vaidades". Não olvides, pois, que, antes das obras externas de qualquer
natureza, sempre fáceis e transitórias, tens por fazer a construção íntima da
sabedoria e do amor, muito difícil de ser realizada, na verdade, mas, por isto
mesmo, sublimada e eterna.
Fonte: Livro Vinha de Luz (Emmanuel/Chico Xavier)