Prática Evangélica

Se desprezamos o próximo, como atender ao nosso mandato de caridade? Cristianismo é viver o espírito do Cristo em nós. Vemos no estudo das narrativas apostólicas que as legiões do Céu se apossam da Terra, em companhia do Senhor, transformando os homens em instrumentos da Infinita Bondade. Desde o primeiro contato de Jesus com a Humanidade, observamos a manifestação do mundo espiritual, que busca nas criaturas pontos vivos de apoio para a obra de regeneração.
Zacarias é procurado pelo anjo Gabriel que lhe comunica a vinda de João Batista. Maria Santíssima é visitada pelo mesmo anjo, que lhe anuncia a chegada do Salvador. Um enviado celeste procura José da Galiléia, em sonho, para tranquilizá-lo, quanto ao nascimento do Redentor.
E, erguendo-se o Mestre Divino, entre os homens, não se limita a cumprir a Lei Antiga, repetindo-lhe os preceitos com os lábios. Sai de si mesmo e coloca-se ao encontro das angústias do povo. Limpa os leprosos da estrada. Estende mãos amigas aos paralíticos e levanta-os. Restitui a visão aos cegos. Reergue Lázaro do sepulcro. Restaura doentes. Reintegra as mulheres transviadas na dignidade pessoal. Infunde aos homens novos princípios de fraternidade e perdão. Ainda na cruz, conversa amorosamente com dois malfeitores, procurando encaminhar-lhes as almas para o mais alto.
E, depois dele, os apóstolos abnegados continuam-lhe a gloriosa tarefa do reerguimento humano, prosseguindo no ministério do esclarecimento da alma e da cura do corpo, devotando-se ao Evangelho até ao derradeiro sacrifício.
Urge, assim, não nos afastemos do trabalho e da luta. Há construções no plano do espírito, como existem no campo da matéria. A vitória do Cristianismo, com a livre manifestação do nosso pensamento, é obra que nos compete concretizar.
Não aguardes, por agora, senão renúncia e sacrifício... Jesus até hoje não foi compreendido, mesmo por muitos que se dizem seus seguidores.
Auxilia, perdoa e espera!... As vitórias supremas do espírito brilham além da carne.


Edição de texto retirado do livro “Ave, Cristo!” – Autoria Espiritual de Emmanuel / Psicografia de Francisco Cândido Xavier

Quero ser uma TV


Na sala de aula, a professora pediu aos alunos que fizessem uma redação e que nela expressassem, de alguma forma, o que gostariam que Deus fizesse por eles.
Já em casa, quando corrigia os textos dos alunos, deparou-se com uma que a deixou deveras emocionada.
Um choro sentido irrompeu sem que ela pudesse controlar.
Deixou tudo o que estava fazendo, sentou-se numa poltrona, ainda com a redação nas mãos, e ficou ali, pensativa, entre lágrimas.
O marido percebeu que alguma coisa estava errada, e entrou no escritório onde ela estava:
O que aconteceu, querida?
Ela, sem conseguir falar direito, passou a ele a redação e disse:
Lê... A redação é de um aluno meu.
O marido segurou a folha de papel e começou a ler:
Senhor, nesta noite, peço-te algo especial: transforma-me numa televisão.
Quero ocupar o espaço dela. Viver como a televisão da minha casa vive. Ter um espaço especial para mim e reunir a família ao meu redor.
Quero ser levado a sério quando falar. Ser o centro das atenções e ser escutado sem interrupções e perguntas.
Senhor, quero receber a mesma atenção que ela quando não funciona, quando está com algum problema.
Ter a companhia de meu pai quando ele chega em casa, mesmo que esteja cansado.
Que minha mãe me procure quando estiver sozinha e aborrecida, ao invés de me ignorar.
E ainda, que meus irmãos briguem para poderem estar comigo.
Quero sentir que minha família deixa tudo de lado, de vez em quando, para estar comigo.
Por fim, que eu possa divertir a todos.
Senhor, não te peço muito. Só te peço que me deixes viver intensamente como qualquer televisão vive!
Quando o marido terminou a leitura, estava incomodado.
Meu Deus, coitado desse menino! Que pais ele tem! – disse ele virando-se para a esposa.
A professora olhou bem nos olhos do marido e depois baixou-os, dizendo num sussurro:
Esta redação é do nosso filho...


* * *


Há tantas coisas que o mundo moderno nos oferece! Tantas opções para tudo, que ainda parecemos deslumbrados com esta realidade, como crianças ao adentrar numa imensa loja de brinquedos.
São tantas informações disponíveis, tantas distrações, tanto entretenimento ao nosso dispor...
Mas será que não estamos deixando de lado o mais importante? Será que sabemos o que é mais importante, o que procurar na vida?
Mediante esta constatação, será que a família não está sendo deixada em segundo plano?
Será que os relacionamentos não estão sendo vividos numa certa superficialidade confortável?
É tempo de pensar em tudo isso.
Não troquemos a brincadeira com um filho por um jornal televisivo. Não troquemos momentos de conversa amiga com os familiares por um capítulo de novela.
Aquele Reality Show não é mais importante do que o telefonema ao amigo, perguntando se está bem.
A vida em família é o grande alicerce da felicidade de todos nós. O resto é acessório. O resto... é resto.

Redação do Momento Espírita, com base em texto de autoria ignorada.

O homem e o tempo

No mundo moderno, parece que o tempo é um artigo de luxo.
São constantes as reclamações a respeito de sua falta.
Muitos se dizem atarefados em excesso.
Incontáveis afirmam que o tempo parece passar cada vez mais rápido.
Envoltos em inúmeros afazeres, sentem-se autênticos reféns da vida.
Essa dificuldade humana para bem administrar o tempo não constitui algo novo.
O Espírito Emmanuel, mentor de Francisco Cândido Xavier, já tratou dela.
Certa feita, ele afirmou que o tempo não passa pelo homem, mas que o homem, sim, passa pelo tempo.
A diferença pode parecer sutil, mas é muito importante.
Quando se está parado e algo passa, surge uma certa sensação de lerdeza ou imobilidade, pois não se consegue acompanhar o que vai adiante.
O fenômeno apresenta-se diferente quando é o homem que passa e segue em frente.
Segundo o dizer de Emmanuel, é justamente isso que ocorre em relação ao tempo.
O homem é que se movimenta e direciona o seu viver, ao longo do tempo que lhe é dado.
Sendo assim, ele é quem dita o ritmo de sua vida.
Essa imagem feliz procura desvincular o ser humano de um sentir deletério em relação ao fenômeno temporal.
Ela busca capacitá-lo para viver em plenitude o momento presente.
Sem remorsos pelo que já foi.
Se erros foram cometidos, é necessário corrigi-los, mas de nada adianta escravizar-se ao passado.
Também evita ansiedades pelo que ainda será.
O importante é fazer o melhor no tempo presente.
Desfrutá-lo, em suas inúmeras possibilidades.
Ter ciência de que cabe ao homem disciplinar o próprio viver.
A mídia por vezes trabalha contra isso.
Ela passa a impressão de que o relevante é comprar muitas coisas, frequentar certos locais, distrair-se até a exaustão.
Habitualmente se afirma que o tempo é de ouro, ou que tempo é dinheiro.
Dependendo do enfoque, as assertivas são verdadeiras.
É preciso mesmo dar destinação útil ao próprio tempo.
Mas de forma equilibrada, sem se converter em escravo de atividades que se multiplicam de modo desnecessário.
E também sem se permitir torturar pelo que já foi ou pelo que virá.
Desfrutar o momento que se vive.
Se é horário de trabalho, trabalhar com serenidade, sem se angustiar pelo que ocorre em outros ambientes.
Em casa, desfrutar em paz da companhia da família.
Em momentos de estudo, apenas estudar.
Para viver em paz em meio às tormentas do mundo, é preciso tornar-se senhor do próprio tempo.
Eleger o que merece dedicação em dado instante e fazê-lo com serenidade.
Como disse Jesus, o dia de amanhã cuidará de si mesmo.
Se o hoje for bem vivido e aproveitado, certamente o amanhã será pacífico.
Pense nisso.

A alegria dos outros

Um jovem, muito inteligente, certa feita se aproximou de Chico Xavier e indagou-lhe:
Chico, eu quero que você formule uma pergunta ao seu guia espiritual, Emmanuel, pois eu necessito muito de orientação.
Eu sinto um vazio enorme dentro do meu coração. O que me falta, meu amigo?
Eu tenho uma profissão que me garante altos rendimentos, uma casa muito confortável, uma família ajustada, o trabalho na Doutrina Espírita como médium, mas sinto que ainda falta alguma coisa.
O que me falta, Chico?
O médium, olhando-o profundamente, ouviu a voz de Emmanuel que lhe respondeu:
Fale a ele, Chico, que o que lhe falta é a “alegria dos outros”! Ele vive sufocado com muitas coisas materiais. É necessário repartir, distribuir para o próximo...
A alegria de repartir com os outros tem um poder superior, que proporciona a alegria de volta àquele que a distribui.
É isto que está lhe fazendo falta, meu filho: a “alegria dos outros”.

* * *

Será que já paramos para refletir que todas as grandes almas que estiveram na Terra, estiveram intimamente ligadas com algum tipo de doação?
Será que já percebemos que a caridade esteve presente na vida de todos esses expoentes, missionários que habitaram o planeta?
Sim, todos os Espíritos elevados trazem como objetivo a alegria dos outros.
Não se refere o termo, obviamente, à alegria passageira do mundo, que se confunde com euforia, com a satisfação de prazeres imediatos.
Não, essa alegria dos outros, mencionada por Emmanuel, é gerada por aqueles que se doam ao próximo, é criada quando o outro percebe que nos importamos com ele.
É quando o coração sorri, de gratidão, sentindo-se amparado por uma força maior, que conta com as mãos carinhosas de todos os homens e mulheres de bem.
Possivelmente, em algum momento, já percebemos como nos faz bem essa alegria dos outros, quando, de alguma forma conseguimos lhes ser úteis, nas pequenas e grandes questões da vida.
Esse júbilo alheio nos preenche o coração de uma forma indescritível. Não conseguimos narrar, não conseguimos colocar em palavras o que se passa em nossa alma, quando nos invade uma certa paz de consciência por termos feito o bem, de alguma maneira.
É a Lei maior de amor, a Lei soberana do Universo, que da varanda de nossa consciência exala seu perfume inigualável de felicidade.
Toda vez que levamos alegria aos outros a consciência nos abraça, feliz e exuberante, segredando, ao pé de ouvido: É este o caminho... Continue...

* * *

Sejamos nós os que carreguemos sempre o amor nas mãos, distribuindo-o pelo caminho como quem semeia as árvores que nos farão sombra nos dias difíceis e escaldantes.
Sejamos os que carreguemos o amor nos olhos, desejando o bem a todos que passam por nós, purificando a atmosfera tão pesada dos dias de violência atuais.
E lembremos: a alegria dos outros construirá a nossa felicidade.

Redação do Momento Espírita, com base em relato sobre episódio da vida de Francisco Cândido Xavier, de autor desconhecido, e que circula pela Internet.