Liberdade de pensamento e expressão


"Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza..." 
"É livre a manifestação de pensamento, sendo vedado o anonimato(...)"
"Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política(...)"
(Art. 5º , IV e VII Constituição Federal)

De todas as liberdades, a mais inviolável é a de pensar, que compreende também a liberdade de consciência. Lançar anátema sobre aqueles que não pensam como nós é reclamar essa liberdade para si e recusá-la aos outros, é violar o primeiro mandamento de Jesus: a caridade e o amor ao próximo. Persegui-los por sua crença é atentar contra o direito mais sagrado que todo homem tem de crer no que lhe convém, e adorar a Deus como o entende. Constrangê-lo a atos exteriores semelhantes aos nossos, é mostrar que se prende mais à forma do que ao fundo, às aparências mais do que a convicção. A abjuração forçada, jamais deu a fé: ela não pode fazer senão hipócritas; é um abuso da força material que não prova a verdade; a verdade está segura de si mesma; convence e não persegue, porque disso não tem necessidade.
 O Espiritismo é uma opinião, uma crença; fosse mesmo uma religião, porque não se teria a liberdade de se dizer espírita como se tem a de se dizer católico, judeu ou protestante, partidário desta ou daquela doutrina filosófica, deste ou daquele sistema econômico? Essa crença é falsa ou éverdaadeira; se é falsa, cairá por si mesma, porque o erro não pode prevalecer contra a verdade, quando a luz se faz nas inteligências; se é verdadeira, a perseguição não a tornará falsa.
A perseguição é o batsimo de toda ideia nova, grande e justa; ela cresce com a grandeza e a importância da ideia. A animosidade e a cólera dos inimigos da ideia está em razão do medo que ela lhe inspira. Foi por essa razão que o Cristianismo foi perseguido outrora e o Espiritismo o é hoje, com a diferença, todavia, de que o Cristianismo o foi pelos Pagãos, ao passo que o Espiritismo o é pelos Cristãos. O tempo das perseguições sangrentas passou, é verdade, mas, se não se mata mais o corpo, tortura-se a alam; é atacada até em seus sentimentos mais intimos, em suas afeições mais caras; dividems-se as famílias, excita-se a mãe contra a filha, a mulher contra o marido; ataca-se mesmo o corpo em suas necessidades materiais, tirando-lhes seu ganha-pãopara tomá-lo pela fome.
Espíritas, não vos aflijais com os golpes que vos dão, porque els provam que estais na verdade; não fora isso, vos deixariam tranquilos e não vos feririam. É uma prova para a vossa fé, porque será pela vossa coragem, pela vossa resignação, pela vossa perseverança, que Deus vos reconhecerá entre seus fiéis servidores, dos quais faz hoje a enumeração para dar a cada um a parte que lhe toca, segundo as suas obras. (...)
(O Evangelho Segundo o Espiritismo Cap. XXVIII)